08 setembro 2010

um olhar, mil abismos

Dezembro, 2005

«Mas de repente toda a minha vida começou a decorrer à minha frente, como um flash, a ferir-me os olhos. E então não consegui mais esconder-te em mim e lembrei-me de ti. E a dor foi maior do que qualquer ser humano podia suportar. Toquei no rosto da mulher que me sorria, sonhadora e feliz, e tentei encontrá-la na minha cara e dentro de mim própria. Acariciei o teu rosto que olhava para mim, sonhador e feliz, tentei capturar o teu sorriso e alcançar o brilho do teu olhar. Fechei os olhos para melhor te sentir e quando os abri tu já lá não estavas.
E então desisti de tudo, deitei no chão o meu corpo dorido, e encolhi-me como quem se quer proteger do mundo, com as pernas bem encostadas ao peito e os ossos salientes dos joelhos a tocar-me o queixo.
Pousei a cara em cima do teu espaço vazio na fotografia e ali fiquei, à tua espera…». Maria Teresa Loureiro, Um Olhar, Mil Abismos



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