27 agosto 2010

olhos que não vêem

abre os olhos e não reconhece de imediato o lugar onde se encontra; lembra-se de ter adormecido algures, a meio de uma frase do Philip Roth, mas está escuro à sua volta e não lhe parece credível ter estado tantas horas na praia. Deixara-se embalar pelo calor do Sol, antes de ter tido energia suficiente para se refrescar no mar, e agora o seu corpo queixa-se do frio… não faz sentido. Espreguiça-se e em vez da areia morna as suas mãos tiram algum prazer ao acariciarem a flanela fofa das almofadas e dos lençóis. Mantém os olhos fechados e lança-se num jogo de adivinhas para se entreter enquanto tenta recuperar o calor no corpo mexendo os dedos dos pés. Não lhe interessa saber se é de noite ou de dia, pelo menos naquele instante, já compreendeu que não está na praia, infelizmente, portanto o melhor que tem a fazer é prolongar o momento até que surja algum motivo que justifique pôr os pés de fora, não na areia, mas no chão de madeira.  

Sem comentários:

Enviar um comentário